Uma cortina branca acolheu o Sol
E o acompanhou até o último raiar
Sem pressa…
Sem alarde…
Sem temer a escuridão
O dia não parte sem estender o tapete
Onde estrelas indicarão os rumos
No silêncio…
Na paz…
No conforto dos sonhos
A vida, na verdade, é uma emenda só
Nada começa, nem termina, apenas segue em frente
Categoria: Natureza
Devaneios Marítimos
Estamos aqui navegando na vida
Um dia tempestade, outro calmaria
E um vento que sempre muda de opinião
Um horizonte de destinos
Estrelas iluminando caminhos
E nenhum mapa com direção
O fato é que o mar pode nos levar
E entre ondas e marés, nos perder
Entre sonhos e esperanças, nos afogar
Precisamos aproveitar os momentos de controle
Decidir enquanto é tempo, remar enquanto há forças
Ser capitão deste agora antes que passe
O tempo é um piscar de olhos
A chance, um descuido do acaso
Nem sempre há portos para âncora
Mas aqui tudo é possível
Basta colocar o coração no leme
E o amor há de te guiar
A chuva veio
Esconder as lágrimas
Abençoar os sonhos
Molhar os canteiros
Lavar a alma
Invadir os romances
Alimentar os rios
Tocar o rosto
Transbordar esperanças
Clarear o céu
Desatar os nós na garganta
Permear os sorrisos
Recuperar vida
Escorreu pela minha janela
Cobriu meu coração
E evaporou diante meus olhos
Lua Cheia
Ao virar na avenida principal tinha uma Lua do tamanho de um planeta. Refletindo a luz de um Sol que ainda se escondia. Amarelada no topo dos prédios do centro da cidade, parecia uma pintura, um filme, uma ilusão. Mas entre tudo que nossa mente nos engana, de tudo que o homem criou, é fácil distinguir a natureza. Ela respira junto, ela sente, ela se comunica na sua imensidão e grandeza. Tudo a sua volta parece pequeno, mundano, corriqueiro. Conforme o carro avançava ela foi se misturando no horizonte, até ser essa lembrança. A Lua não gosta de câmeras. Sempre fica como um mero detalhe nas fotos. A realidade da sua presença, a beleza que colocou no meu amanhecer, não pode ser registrada. Ficam apenas essas palavras insuficientes diante uma vida que antes de tudo, sente.
Conexão
É diferente quando colocamos nossos pés descalços no chão.
Sentir a terra, a areia, a grama.
Sentir-se parte de uma natureza muito maior, muito mais forte, muito mais bela, muito mais sábia.
Sentir o azul do céu e ouvir o barulho do mar com a leve brisa que ocupa todo espaço entre nós.
É quando percebemos a infinitude e imensidão das coisas.
E como a vida é uma fração pequena deste tempo.
Tudo que criamos eventualmente passará.
Menos esses pés fincados no chão, as raízes da nossa alma, os frutos do nosso amor, as palavras escritas em um papel envelhecido descrevendo um tempo que não existe mais.
“Areias do tempo”

Não me tome por ingênua
Minha esperança é fundamentada
Como não confiar na natureza
E na força dessa maré
Que um dia me levará
Não julgue o meu tamanho
Sou tudo que puder sonhar
Sou parte da vida
E já fui parte do mar
Definitivamente não tenha pena
Essa areia não é meu fim
Se você realmente quer chegar
Tem que enfrentar a onda
Entender a importância de acreditar
Paraty

Que me perdoe Santos Dumont
Benjamin Franklin, Graham Bell
E até mesmo o inventor do papel
Mas não tem celular de bolso
Nem aplicativo de mensagem instantânea
Que vença a invenção da vida
E da beleza dessas ilhas
“Trilha”

No meio do caminho
Na famosa pedra
No fim da picada
Onde canta o sabiá
A alma se pergunta:
Será que é esse meu destino
Seguir a estrada aberta
Ou fazer a minha própria?
“Imensidão”

Quando falo de alma
Quando falo de vida
Quando falo de amor
Quando falo de força
Quando falo de vazio
Quando falo de futuro
Quando falo de silêncio
Quando falo de paz
Quando falo de sinceridade
Quando falo de abraços
Quando falo de importância
Quando falo de perspectiva
Quando falo de compreensão
Quando falo de responsabilidade
Quando falo de compromisso
Quando falo da verdade
Quando falo do caminho
Eis a natureza
Eis o nosso tamanho
Eis a existência
E toda imensidão
Insólito
Tem coisa que não tem jeito. Não sai da garganta, da cabeça, da alma. É preciso tempestade, algo radical para aliviar o peso. Tem muitos dias que lutamos com a maré, mas em alguns é preciso se deixar levar. Abrir mão, se despir, se livrar. Descarregue.
“Insólito” (21/07/2018)
Ass: Danilo Mendonça Martinho