Tem coisa que não tem jeito. Não sai da garganta, da cabeça, da alma. É preciso tempestade, algo radical para aliviar o peso. Tem muitos dias que lutamos com a maré, mas em alguns é preciso se deixar levar. Abrir mão, se despir, se livrar. Descarregue.
“Insólito” (21/07/2018)
Tá precisando chover
Tá precisando lavar a alma
Arrastar sentimento atolado
Desobstruir a garganta
Encharcar as ideias
Quero vendaval para carregar tristeza
Raios para destruir amarras
Granizo para ferir mentiras
Escuridão para esquecer verdades
A terra tá seca de sonhos
O ar pesado de mesquinharias
Os olhos ardem do cansaço
As folhas despedaçam junto da alegria
O suspiro virou tosse amarga
Tá precisando chover
E nem precisa ser poesia
Pode ser abraço no fim de tarde
Carta de amor perdido
Rosquinhas fritas da vovó
Qualquer coisa que dê vida
Ass: Danilo Mendonça Martinho