Sobre Torcer

Hoje ocorre um fenômeno muito raro, infelizmente. A união de uma nação. As diferenças são colocadas de lado por uma paixão em comum, por um desejo, por um país. Veja que não é que todos passaram a se amar, se entender, ou concordar um com o outro. Simplesmente encontraram um objetivo maior que sua individualidade para se unir e lutar, e sofrer, juntos. Todos nós acreditamos em algo, todos nós temos uma ideia do que seria um país ideal para se viver, todos nós queríamos nossos problemas atendidos. Pois bem, que tal hoje servir de inspiração para todo resto. Que tal ao invés de gritar, de fechar os olhos ou tampar os ouvidos a gente converse com nossos pares, com nossos vizinhos, com os desconhecidos também. Eu sei, eu tenho absoluta certeza, que existem coisas em comum em todos nossos desejos para esta sociedade. Eu também sei que somente juntos nós podemos parar este país da mesma forma que vamos fazer hoje. Por mais improvável que lhe pareça, acredite em mim quando digo que a pessoa ao seu lado também quer o bem de todos e que existem muitas lutas que superam as nossas individualidades e pedem a nossa união. Estamos mergulhando de corpo e alma hoje, que façamos isso todos os dias. Inspire-se!
 
 
 
Dias de torcer, dias de jogar” (27/06/2018)
 
Eu ouço as primeiras cornetas do dia
Eu sei que da TV HD até o rádio de pilha
Todos estarão na mesma torcida
 
Não haverá credo, raça, classe
Como um dia desejou uma canção
Seria demais que eu desejasse
Todo dia este mesmo coração?
 
Juntos podemos até parar o mundo
O que faz soar como absurdo
Deixar nosso país quase moribundo
 
Olhe ao seu redor e olhe além
Sinta a força dessa voz
Nossa luta não pode ser aquém
A resposta está em todos nós
 
Se todo dia fosse jogo de seleção
Se dependesse de ti essa nação
Agiria unido pela mesma paixão?
 
Comemore, grite, liberte-se
Ao lado tu tens um ombro amigo
Amanhã lute, reivindique, inspire-se
Há uma sociedade que conta contigo
 

Ass: Danilo Mendonça Martinho

Sobre Resultados

Ontem em uma saudável discussão com amantes da poesia uma questão me ficou na cabeça. Como olhamos para os resultados em nossa vida como definidores de nossas escolhas, de quem somos, do que faremos, para onde vamos. Confesso que meu horizonte não era diferente de ninguém e cá caminhava eu esperando acontecimentos para enfim ser feliz. Mas a verdade é que isso não faz o menor sentido. Veja a vida, por exemplo, ela tem um resultado inevitável, a morte. Por causa deste resultado alguém aqui desiste de viver? Ou na verdade a ideia da morte te faz viver mais intensamente, e ser feliz, e amar o máximo que pode? Então pense no que você mais ama fazer, pense na pessoa que você mais ama, e pense se em ambos os casos o resultado desses amores fossem, sem sombra de dúvida, te trazer solidão, você os largaria agora? Quando acreditamos em algo, quando sentimos algo, pouco importa os resultados. O que importa é viver com a maior entrega e sinceridade possível. Esqueça esses pontos de chegada e veja como sua vida pode ser mais simples e plena agora. Peço a gentileza aos que quiserem, de compartilhar aqui suas paixões, o que te move nessa vida, são sempre sentimentos inspiradores. Inspire-se!
Uma ótima segunda-feira.
O meio do caminho” (25/06/2018)
 
Ser sincero é confissão
O crime da alma é sentir
O medo não é a culpa
Mas sim a solidão
 
Minha palavra engasga
Custo para acreditar
A pele ficou dura
O coração inexpressivo
 
Pensei que me faltava opção
Seguia pelo costume
A gente se conhece muito pouco
Mas há o que não se pode ignorar
 
Movimentar o corpo
É como mover montanhas
Só se faz com paixão
O que te move?
 
Enxerguei apenas resultados no horizonte
Buscava conclusões e não caminhos
Distribui minha felicidade em amanhãs
Por isso abracei a decepção
 
Hoje voltarei a lutar
Pelo que acredito e levo na alma
E se o fim for apenas solidão
Terei uma história para me orgulhar

Ass: Danilo Mendonça Martinho

“Ponto de Partida” (20/04/2018)

Não existe nada mais estranho do que abandonar um peso. Aprendemos a nutri-lo, aprendemos a contar com ele, colocá-lo na balança em toda decisão como parte indivisível e insuperável. Deixá-lo é quase não se reconhecer, fomos mais tempo com do que podemos imaginar sem. Somos pessoas apegadas talvez até mais as nossas dores. A felicidade nos escapa, mas dormimos abraçados aos nossos medos. Quem sabe esse seja o pedaço que tanto me falta, não meu sonho ou desejo, mas sim essa parte que nunca deveria ter sido minha. Habituei-me, confesso. Há um conforto na melancolia, como vítimas não precisamos tratar as causas, temos sempre justificativa. Agora me sinto de volta a vida selvagem, tenho que agir para sentir, perdido nesse vazio onde tenho a chance de construir algo completamente meu. Deixar um peso para trás é aquele momento esquisito quando tiramos o gesso de uma perna. Parece uma coisa nova, muito formigamento, leveza, buscamos na memória, mas logo percebemos que para seguir em frente vai ser preciso um novo equilíbrio.

Ass: Danilo Mendonça Martinho

“Alma” (17/04/2018)

Eu preciso te falar sobre o meu querer
Desisti de tentar e comecei a fazer
Ainda não entendo o que deixo para trás
E não me importa se não puder levar você

Te quero até as últimas consequências
Me leve até as verdades e inocências
Me encontre de novo, me reconheça
Ou como último pedido me esqueça

Eu me nego ao que devo
Eu me entrego ao sorriso
Cansei de tudo que preciso
Eu só quero ser feliz

O inconsciente me trai
Abre todo meu peito
Revela o medo que corrói
Liberta a chance de ser melhor

A vida não tem muito segredo
É mostrar o que somos
Agir pelo nosso sonho
E saber o que guarda nesse espelho

Ass: Danilo Mendonça Martinho

“Convexo” (13/03/2018)

Este espelho dá medo
Enxergar demais
Encarar as boas verdades
Lutar contra o inconsciente
Descobrir-se insuficiente

Conhecer-se é algo sério
Um compromisso para vida
Palavras que não te deixarão
Vão me manter acordado
Ou vão trazer minha paz?

Não julgue a covardia
A tristeza é forte
O passado imutável
Nos escombros da alma
O que terá sobrevivido?

Tempo demais nesse espelho
Tenho medo de reconhecer
Detalhar todas as falhas
Despido pela sinceridade
Ainda assim….não querer mudar

Ass: Danilo Mendonça Martinho

“Jeitinho” (06/03/2018)

A gente se perde no todo
Nossos valores, princípios
Aceitamos menos
Distorcemos limites
Pesamos a consciência do outro
Mas libertamos a nossa
Com uma tranquilidade assustadora
Somos indivíduos exemplares
Somos comuns no coletivo
Apenas mais um filho de Deus
Que também falha e peca
Diluímos assim nossa responsabilidade
Na multidão a vergonha não tem cara
Bem-vindo à sociedade de aparências
Defensora da honra, moral e justiça
Só não esqueça de pagar na saída
Aproveita que estão pelo mesmo preço

Ass: Danilo Mendonça Martinho

“Desilusão” (02/03/2018)

Cansei de me arrepender
Descobri tarde a ilusão
Não há alternativa perfeita
Nem outra versão mais feliz
Não há certeza do sucesso
Só porque aqui encontrei fracasso
O arrependimento é apenas uma ideia
É jogar para o passado a responsabilidade
É uma fábula da imaginação
Uma alternativa sem garantias
Que tomamos como verdade absoluta
A imaginação é um lugar bom
Sonhos de sucesso
Invariavelmente vencemos
É isso que projetamos do outro lado
A realidade não tem a menor chance
Como não se arrepender disso?

Risquei do dicionário
Não faz sentido esse peso
Incerteza do passado
Se é para imaginar algo melhor
Tem um futuro inteiro para isso

Ass: Danilo Mendonça Martinho

"A calada da noite consente" (07/04/2018)

Quando o povo gritou fora
Moveram-se os céus e montanhas
Quando o povo gritou fora de novo
Ficou no vácuo da ilusão
Dois lados e a mesma decepção

Tuas palavras são apenas fantoches
Convenientes ao poder de poucos
Inúteis a necessidade de muitos
Aqui somos milhões,
mas lá são milhões no bolso

Esse discurso de rancor e menosprezo
Só serve para perfil de rede social
Para ser cidadão precisa de mais zelo
Tomar conta do distrito federal

A língua afiada só serve aos outros
Que separam o que podia ser um só
Temos essa fraqueza em comum
Ceder ao ódio e não a compaixão

Quando o povo voltou a gritar
A decisão já tinha sido tomada
O que era pra ser um país melhor
Passou a ser tarde demais

Ass: Danilo Mendonça Martinho

“Rédeas” (02/01/2018)

O primeiro de muitos
É mais um entre tantos
Mas o que é histórico
Não pode ser diluído

A melhor forma de fazê-lo
É transformar o meio em recomeço
É levar para cama teu fim
Acordar despido do passado

O ceticismo me mostra ilusão
A rotina quebra o espírito
A dúvida faz acampamento
O que sobra para coragem?

O possível é questão de fé
A verdade questão de coração
O sonho questão de vontade
A vida questão de ser

Seja o dia que for
Quando decidir dar sentido
Será o teu começo
Será teu para chamar de pra sempre

Existe o primeiro de todos
Existe o primeiro de todo resto

Ass: Danilo Mendonça Martinho

“Força” (27/11/2017)

Sempre soube o que fazer
A teoria é uma falta de prática
O difícil é o propósito
A recompensa depois do truque
A preguiça sempre vence
O prazer do ócio

É preciso demonstrar mais vezes
Chegar onde a palavra não alcança
É preciso independência
Felicidade como recompensa
É preciso perseverar
Vencer é resistência

A força se constrói aos poucos
Na surdina dos pensamentos
Transformando lentamente a rotina
Como fazer a barba diante o espelho
Assim quase como um reflexo
Se convencer que é possível

Ass: Danilo Mendonça Martinho