Ass: Danilo Mendonça Martinho
Ass: Danilo Mendonça Martinho
Ass: Danilo Mendonça Martinho
Ass: Danilo Mendonça Martinho
Ass: Danilo Mendonça Martinho
Ass: Danilo Mendonça Martinho
Sábio foi meu amigo a ponderar:
O Amanhã está longe demais
Eu mal recordava disto
Dias que duram semanas
Esta dor aguda prolongada
As horas me pareceram um deserto
Eu sem muitas forças para lutar
Instalei-me neste inferno
Mais hora menos hora descanso
Um sonho me leva daqui
Mas a promessa do amanhã
Esta é de alto risco
Algumas vezes incalculáveis
Não posso por no papel
Nenhuma dessas palavras
Não posso subtrair significados
Não posso somar sentimentos
Se amanhã permanecer promessa
Saberei que simplesmente perdi
Mesmo assim não reajo
Não é medo do passo em falso
Apenas decidi que não quero
Precipício abaixo já conheço
Hoje almoço o cru e concreto
Não alimento esperanças
Quero apenas respirar
Se lhe parecer muito pouco
Tente tirar meu fôlego
Ainda consciente quero lhe falar
Esta areia que escorre entre os dedos
Isto é o mais concreto que tenho
Isto é tudo que é real agora
Não há miragem suficiente
Nada que possa me dizer
Nada que possa abraçar
Insensato sou eu a esperar
Mas na impossibilidade do real
Tenho que sobreviver o dia
Se for necessário uma verdade
Que você não existe meu amor
Que não exista então
Nem hoje, nem amanhã!
Ass: Danilo Mendonça Martinho
Nos meus braços
Ao alcance de uma sutileza.
Insinuações desesperadas
Mas ignorei com crueldade
Tudo parecia bom…
Não seria verdadeiro.
O que fazer, como reagir?
Tem jeito certo para acordar alguém?
E se ela não sair deste sonho?
E se tiver que cair da cama?
Este chão é frio
Esta realidade o pesadelo,
Mas cumpri o papel
O diretor me apontou vilão.
Esqueci algumas rimas
Adiantei algumas deixas
Dei as costas e sai
O ato final não era meu.
Ao longe ouvi o choro
Distante senti a angústia
Na escuridão apertei o peito
Fechei o quarto vazio.
Ass: Danilo Mendonça Martinho
É muito tarde para poesias
O dia já vai amanhecer
As estrelas cadentes vão deixar de cair
Restará aos nossos corpos poucas opções
Por isso, neste capricho da noite,
Nesta penumbra que se forma
Diga-me suas palavras sinceras
Tente ao máximo ser direta
Prometo não desviar atenção,
Prometo completo silêncio,
Ouvidos exclusivos ao seu discurso
Prometo um olhar devoto
Reações proporcionais
Mas não me deixe apenas esperando
Desfrute o melhor do seu tempo
Não economize nas verdades
Não evite suas neuras
Transpareça enquanto és invisível
Quem sabe então…
Tudo que somos hoje desaparecerá
Junto das estrelas mergulhadas no céu azul
Quem sabe então…
Nos tornamos uma breve inspiração do amanhã.
Ass: Danilo Mendonça Martinho
Minha vida já nasceu aqui,
Cercada de muros, grades e corpos.
Faz algum tempo que não vejo uma brecha,
Que não admiro um pouco da liberdade
Imagino a sorte de quem alcança as masmorras
Eles ao menos, julgados ou não, enxergam além.
Mas minha alma empobrece nessa visão unidimensional.
Se ainda chovesse todos os dias
Quem sabe os fortes não resistiriam.
Mas luto esta guerra sozinho
Tentando escapar do único e do unânime.
A proteção por preço de liberdade.
Ficaria impressionado com as barganhas
Pelo que se vende nessas ruas.
Ficaria entristecido se soubesse o que perdeu valor.
Mas nenhum nobre Rei desceu de seu trono.
Estamos a mercê de leis mutáveis,
Fidelidades compráveis, integridades questionáveis.
A realidade desta cidade emparedada e sufocada.
Essas ruas infestadas de ratos
Diariamente deixando suas casas
Todos atrás de um pedaço do queijo.
Propósitos vazios, desejos encurralados.
Noticias que se repetem em preto e branco.
Verdades que já não são manchetes.
Sinto por aqueles que não olharam uma vez para o céu
Imaginaram transpor essas fronteiras.
Sinto por aqueles que não quiseram sem porquês.
Choro e sangro ao me debater contra os tijolos
O mundo me cercou de pecados
Culpado, não estranho estar preso.
Estas linhas meramente esboçadas
Limites e conceitos puramente imaginários
Continuam a perturbar meus sentidos
Enquanto ainda tento desenhar
Algo real o suficiente para viver.
Ass: Danilo Mendonça Martinho
Distraído me embriagava
Uma bela imagem de um horizonte
Duas sombras despreocupadas em simbiose completa
Felizmente me enganava com o diálogo perfeito
Considerava até a ausência das palavras
Presumia uma simples sensação como necessária.
Perdi-me entre lindos absurdos
Requisitei uma nova vida para amanhã
Bastaria mais um giro
Uma fresta que fosse.
Sorri extasiado pelo que não tinha,
Mas sentia na ponta dos dedos
Algo que obviamente não soube manter.
Algo na minha alma que me reconheceu
Tornou-me um pedaço mais completo.
Respirei mais fundo o ar que me faltava,
e a vida preencheu algum canto vazio.
Mas logo senti o banco de plástico
Notei o chão de ferro
Ouvi o papo furado
Vi a noite sem estrelas
Acordei…e não era um sonho meu.
Ass: Danilo Mendonça Martinho