“Encontrar-ser” (09/04/2015)

Não me resta ser poeta
É tudo que sou antes de ser resto
Nem sempre fazemos o que somos
Fazemos de nosso todo uma parte
Pedaços espalhados pela sala de estar
O espelho ignora o que não esconde
A fé cega no que podemos ser
Não enxerga o que já não sou
A palavra procura rima
A vida procura seguir
Ninguém está pronto para ser todo
Só que não há nada que me resta

Ass: Danilo Mendonça Martinho

“Linhas imaginárias” (03/04/2015)

O meio do caminho
Não é metade do que sou
O que era deixei quando parti
O que quero não me pertence
Estou vazio e estar também se sente
O temporário é finito e indeterminado
Até quando não poderei vestir o que sou?
Até quando terei que estar o que sinto?
Se é meio, falta tudo que já caminhei?
Meio não é metade
É uma palavra perdida no nada
O onde é apenas um qualquer
Indiferentes somos infinitamente comuns
Na ausência do que sou quem toma a decisão?
Não ter lugar é o mesmo que não se reconhecer?
As escolhas nos fazem únicos
Pois o que me trouxe até aqui, destino ou direção?
O caminho não é um limite
Cruzamos as fronteiras das incertezas
Traçar sonhos expande a alma
Mudança não tem norte apenas desejo
Se em algum momento me deixei para trás
Foi porque amava algo o suficiente para me levar adiante
O momento que deixei de ser, deixei de estar
O meio é uma ilusão, estamos à margem….
Ou na correnteza tentando seguir o coração.

Ass: Danilo Mendonça Martinho