Categoria: Âmago
“Resenha”
Um coração que bate
A razão que se perde
Uma mente que se entrega
O âmago que contrai
Uma lágrima que cai
A falta que faz presença
Um todo que se torna sozinho
A certeza que não vai embora
Um corpo que parte
A saudade que se cria
Um abraço que volta
A alma que se conforta
Um sorriso que nos encontra
O olhar que não se distrai
Um vislumbre de felicidade
A esperança que não volta atrás
Uma verdade que se omite
Uma imagem que suspira
Um vazio que nos martirize
Até mesmo um silêncio que nos invada
O sentir sempre vale uma palavra
Mesmo que seja apenas amor.
Ass: Danilo Mendonça Martinho
“Sobrevivência”
Faz tempo que não se respira
Nem mesmo o silêncio
O outono me parece sensato
Encolhido ao tronco de uma árvore
Que já não faz sombra, nem dá frutos
Sua solidão é completa, quase humana
A palavra eventualmente se desgasta
O gesto invariavelmente se repete
É entediante essa vida sem vontade
Mas infinitamente segura
A ciência diz o que pode soar como crendice
Um ser humano sem companhia se desfaz
Parte mais cedo, atrasa todas suas realizações
Como se apenas o outro comprovasse a si
Pensar já não é sinônimo de existir
Ontem voltou a chover, devagarinho
Evaporou-se a poeira do horizonte
O frio ocupou as frestas das casas
E por trás das tulipas desmaiadas
O suspiro errante foi ouvido
Apesar de contra toda a natureza
O sozinho segue caminhando
Respirar talvez seja um vício
Ass: Danilo Mendonça Martinho
“Cara Limpa”
Pela máscara do sorriso a lágrima também cai
Quantas são as nossas carapuças?
Quem realmente enxerga nossa alma?
Podemos culpar a indiferença alheia
Mas não foram os outros que levantaram a muralha
Somos frágeis, ridiculamente frágeis
Não bastasse, nossos sentimentos são alvos mais fáceis
A dor de um âmago prolifera da razão ao coração
Mas não me venha com copiosos afagos
A vida também foi feita para sangrar
O amargo é preciso como o entardecer
A lua cheia vem e a melancolia que sobe
Deixe tocar meus pés na tristeza
Abraçar a solidão de outros dias
Voltar a encontrar em mim a verdade
Ser feliz com um rosto livre de fantasias
Ass: Danilo Mendonça Martinho
“Enclausurado”
Dentro de casa o mundo vira sonho
As paredes não tem imaginação
A vida é uma questão de reciprocidade
Ao trancar a porta aprisionamos a chance
Tudo é possível mas apenas isso
O sorriso da esperança não é falso
É uma sombra como na caverna
A alma se torna projeção do pensamento
Um corpo que se completa sem ser
O homem criou o que fazer
A ilusão consome a realidade
O concreto é tão abstrato quanto a ideia
Todos temos que dar este passo
Para o conforto de nossos sonhos
Para incerteza de realizá-los
Ass: Danilo Mendonça Martinho
“Completos” (29/01/2013)
O vazio da perda jamais se completa
Os olhares que virão a sorrir tristes
Fiel a ideia que a vida virou um fardo
Há quem faça sua paz com a dor
Mas e a dor que não é anunciada?
“Por que” pode ser uma busca para vida toda
Perder-se é uma escolha, mas não uma troca
Punir-se é ser dor para sempre
A morte dos nossos próximos
Parece não deixar saída para quem fica
Agora, o mundo a nossa volta não nos deixa
A existência não perde sentido
Sabemos que jamais cessaremos o choro
A alma não foi feita para andar vazia
Mas podemos enchê-la de vida mais uma vez
Há tantos sonhos, alegrias e desejos
Para serem feitos no nome de quem se foi
Há ainda uma vida que pulsa em nós
A qual não nos deixariam abandonar
Há dor, mas há todo amor da vida que aqui esteve
Ninguém merece uma perda
Mas todos merecem ficar em paz
Ass: Danilo Mendonça Martinho
“Próximo” (28/01/2013)
Ass: Danilo Mendonça Martinho
“Avós” (22/01/2013)
Não é que a vida deixe de se criar
Ou que nós abandonamos nossos passos
Mas um dia a lembrança simplesmente invade
E todo agora se completa com uma história
Aquela estrada que ainda não existia
A noite mais fria da vida
Diversão tinha outras cores
Que os jovens de hoje não enxergam
Não há lugar que o passado não entre
A nostalgia vira companhia da rotina
Não sei se para suportar a realidade
Ou para adornar os dias
Perdido nas palavras eu sorrio
Há uma alma cheia de lugares na minha frente
A esperança de preencher a minha
Que amanhã eu tenha o que contar
Ass: Danilo Mendonça Martinho
“Não sei se é Natal” (26/12/2012)
Ass: Danilo Mendonça Martinho
“Meu caro…” (05/12/2012)
Ass: Danilo Mendonça Martinho