Eu queria que a palavra fosse um mistério
Que o sentimento não fosse escancarado
Um medo fundamentalmente humano
Que prefere parecer ao invés de ser
Agora aqui estou na calada da noite
Onde o silêncio é a voz que prevalece
Se deixar versos pela calçada
A manhã não saberá suas origens
Falarei do que amo sem condições?
Falarei do que defendo com paixão?
Falarei do que temo, do que dói?
Falarei do que revolta o coração?
A alma não quer grandeza, quer significado
Aliviar o peito, acalmar a razão
Dizer nem que seja num sussurro
Encontrar a realidade no sonho
Pois sou uma esperança acanhada
Um desejo que tem medo de querer
Uma reza que não pede
Mas que sorri toda vez que imagina
Não há como fugir da decepção
Não há como ignorar a vontade
Quem sente não faz pela metade
Peito aberto não tem solução
Então seja gentil minha madrugada
Ouça meus apelos sem julgar
Disfarça a lágrima numa garoa fina
E deixa a alegria acreditar