“Aqui” (02/06/2012)

O aqui é este lugar na beira da madrugada onde o sono não me importa. Quando imaginaria deixar o sonho em segundo plano? Já chorei nesse travesseiro, passei uma tarde muda ao pé da cama. Dormi em desespero por uma resposta, lamentei a distância, acordei vestindo o inimigo. Mais ninguém entrou neste quarto, só essências e contornos das vozes e corpos que impregnaram na alma os cheiros apenas para depois evaporar. Não houve poema, nem lembrança que se agarrasse as paredes. A realidade cansou de substituir a imaginação sem êxito. Flores murcharam e palavras envelheceram. Não posso negar a esses cantos que cheguei sim a desistir. Agarrado as grades da janela profanei. Silenciei todos meus pedidos. Dentro de mim moram cicatrizes e as mais puras verdades. O cru e nu. A face sem intérprete e o sentimento sem voz. Tudo nesse lugar já sorriu, tudo nesse lugar já sofreu, sem que ninguém jamais soubesse. Onde a vida mora, quase ninguém visita. Quantas vezes acabei só…

É por causa deste aqui que valorizo o corpo que por hora dorme ao meu lado. Mudaste meu reflexo no espelho, levaste as dores das paredes. Entrou sem invadir, abraçou sem ameaçar, amaste em reciprocidade…decidiste ficar. Agradeço a cada canto deste quarto, sorrio a cada novo momento marcado. Nem sabes com tudo que convives, mas você destoa e dá novas cores a todo resto. O passado sustenta nossa verdade. A realidade fortalece o nosso amor. Onde a minha vida mora, você também vive.


Ass: Danilo Mendonça Martinho

9 comentários em ““Aqui” (02/06/2012)

  1. “Quando imaginaria deixar o sonho em segundo plano? Já chorei nesse travesseiro, passei uma tarde muda ao pé da cama.”Foi bem assim mesmo a tarde de hoje. Que texto lindo, Danilo. Ah, só sei dizer isso LINDO LINDO LINDO!!!Beijos

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