“Entre nós” (03/05/2016)

A paz, sem dúvida, está com quem partiu. Consciente da tarefa cumprida, da felicidade deixada, do aprendizado da alma. Ficamos satisfeitos de saber, o coração fica mais tranquilo, mas o âmago se contorce na saudade. É inquietante a ausência instalada de tudo que não vai mais voltar. Um quarto vazio, a porta que não abre, o doce que não se faz mais. Mas será a saudade apenas essa imensidão de outras vidas que ficaremos a carregar? Penso que ela não tem nada de falta. Sentimos, pois foi deixado dentro de nós as marcas das palavras e dos abraços. Os sinais daquelas pessoas que de coração aberto deixaram um pedaço de si para levarmos conosco. E não é qualquer pedaço, é o melhor que elas poderiam oferecer para nossas vidas. A saudade é esta constante presença desses sentimentos. Ela não está aqui para abrir um buraco no coração, mas lembrar as coisas que o une. Ela é a valorização dos presentes que foram dados para nossa alma. Ela quer manter vivo o que guardamos de mais importante. É verdade que ela não tem o calor do corpo, o carinho do gesto, o cheiro da roupa, ela não substitui, mas ela protege aquilo que as pessoas que partiram não gostariam que viéssemos a perder. É conforto saber que seguiram em paz, já a nossa paz de espírito depende em perceber que estarão para sempre em nós.

Ass: Danilo Mendonça Martinho

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