“Antes do chão”(27/01/2011)

Descobri que é muito fácil ficar nesta beira, construir-se como mártir. É fácil olhar essa paisagem de belezas poéticas e ideais românticos. Que este momento não passa de uma promessa que ninguém está disposto a cumprir. A vida é maravilhosa quando sonho e apavorante como realidade. Queremos que alguém nos convença de que não é necessário o sacrifício, queremos posar como algum último cavalheiro. Paramos a beira do precipício pelos motivos errados. Usamos nobres sentimentos sem o menor escrúpulo. Defendemos valores pelos quais jamais lutaríamos. A idéia aqui nesta beira é maravilhosa, mas ninguém sabe o que é sobreviver uma queda. O salto é solitário e pessoal. Uma escolha egoísta que se faz para se mostrar como algo melhor. Mas há verdades demais pelo caminho e uma grande realidade final. Não há altruísmo, ninguém se joga por outro, e só teu corpo que cai. Tua alma que sente as lembranças, as distâncias e o que abandonou. O discurso pode ser lindo envolvido no romance de outro século, mas os gestos dessa humanidade falha são em falso. Não conheço ninguém que tenha ido até o fim. Há muita diferença entre o que se vê daqui, e o que se sente.

Ass: Danilo Mendonça Martinho

6 comentários em ““Antes do chão”(27/01/2011)

  1. Fiquei aqui sem saber o que dizer ao certo porque colocar os pés na beira do abismo não é tão simples, afinal, tem toda uma caminhada até lá e as vezes nem nos damos conta que lá chegamos e ao olhar para baixo, é preciso também olhar para trás e ao fazê-lo há toda uma configuração de lembranças que podem nos empurar para baixo ou nos salvar de nós mesmos. Vou ficar pensando nisso o dia todo. rsbacio

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